Para tentar reeleição, Alex de Freitas se joga para o “tudo ou nada”




Depois de passar os dois primeiros anos do seu governo patinando sem sair do lugar, o prefeito de Contagem, Alex de Freitas, começa o ano de 2019 se jogando num verdadeiro “tudo ou nada”, na tentativa de viabilizar sua reeleição. Três movimentos evidenciaram seu movimento: primeiro, a declaração de que Contagem receberia o “maior pacote de obras da história”, em entrevista para o jornal O Tempo Contagem; segundo, o conjunto de nomeações e movimento de cadeiras dos cargos do governo; terceiro, o anúncio da sua desfiliação do PSDB.

Sobre as obras, a repercussão do anúncio pode ser conferida nos comentários que se seguiram da publicação da matéria em seu perfil no Facebook. 

Resumindo, o que mais se registra nos quase 300 comentários é a total incredulidade das pessoas com tudo que Alex anuncia. Foram ironias como “O Natal já passou, agora vamos acreditar no coelhinho da Páscoa”, decepções manifestas, “Fiz campanha pra vc [SIC], mas hoje me arrependo”, e confrontação de contradições, “Adianta receber pacotes de obras sendo que o município nunca termina?”

O segundo ato é um clássico das práticas de sempre: usar a máquina pública para cooptar ou atrapalhar potenciais adversários. 

Numa tentativa de bloquear uma nova candidatura de Kaká Menezes, candidato a prefeito de Contagem pela Rede, em 2016, Alex nomeou um dos seus correligionário para a Secretaria de Obras: o consultor educacional e candidato derrotado da Rede ao governo do Estado, João Batista dos Mares Guia.

Na mesma linha, Alex ampliou o tamanho do MDB em seu governo, com a nomeação de Jander Filaretti — também candidato a prefeito de Contagem derrotado nas eleições de 2016 — para um cargo na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. 

Parte do que sobrou do racha do PCdoB de Contagem também encontrou espaço na gestão do seu algoz. Rodrigo Tomaz, ex-presidente da Transcon na gestão Carlin Moura, foi nomeado, ainda em dezembro, administrador da Regional Ressaca. Outros comunistas também ingressaram na gestão. Outro tanto ainda entrará.

É o típico “balaio de gatos” tão atacado pelos adversários e que tanta crítica recebe dos eleitores.

Já a desfiliação de Alex do PSDB é, num primeiro momento, dos poucos desgastes que ele pode se livrar. O partido se esfarelou em Minas e no resto do país. Nem havia terminado o segundo turno da eleição para o governo de Minas e os emissários do prefeito iniciaram conversas com lideranças da cidade dizendo que ele não ficaria no PSDB. “O acordo com os tucanos saiu muito caro”, lamentaram.  

Seu desligamento serve ao que ele também tentou negar em sua nota. “Tenho a consciência tranquila de que o meu ato não é por oportunismo político ou holofote midiático”.

Embora tenha afirmado que não tenha pressa na escolha, três legendas são os possíveis paradeiros do ex-tucano: o PV, o DEM e o PDT. A escolha guardará as mesmas razões que o levaram ao PSDB um anos antes das eleições de 2016: conveniência de momento.

No PV, Alex espera contar com algum nível de apoio do deputado estadual Agostinho Patrus, presidente estadual do PV e favorito para se tornar presidente da Assembleia Legislativa; equação parecida com a que pode leva-lo ao DEM. Nesse caso, ter o mesmo lastro partidário daquele que desponta como favorito para a presidência da Câmara dos Deputados: Rodrigo Maia.

Já no PDT, o que se intenta é criar as condições político-ideológicas de uma aproximação com o PT de Contagem, para esvaziamento político, mais uma vez, da deputada estadual Marília Campos.  

Caso se constate o óbvio, a não reversão da estratosférica rejeição popular de Alex, o PDT também poderia abrigar o “Plano B” do governo: Leonardo Antunes. Um teatro de ruptura com Alex seria encenado e Antunes se reagruparia com boa parte do grupo do PCdoB no partido do saudoso Brizola. 

Ato contínuo, Alex anuncia que não disputará a reeleição.

Essa é uma conjuntura que desconsidera quatro ameaças reais à reeleição de Alex de Freitas: uma eventual candidatura do deputado estadual Irineu Inácio (PSL), da ex-prefeita Marília Campos (PT), o surgimento de um candidato que represente a novidade da cena política e, por último e o mais importante, a avaliação do povo de Contagem.

Alex sucumbirá, inevitavelmente, à combinação da sua rejeição popular com uma das outras três possibilidades. Todos os seus esforços resultaram no esperneio próprio de quem não quer perder o poder.

Guilherme Jorgui


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