Em polĂtica, toda
fala guarda, em maior ou menor proporção, sentidos e intenções maiores que a
própria locução em si. Não sendo politicamente pensado, discursos também
imprimem “atos falhos”. Peças pregadas pelo inconsciente, que manifesta no
equĂvoco de falas e gestos nossas vontades e intenções mais intimas e sinceras.
É o que pode ser interpretado do discurso do prefeito Alex de Freitas (sem
partido), durante evento da Secretaria de Educação, no Hotel Actual, na última
quinta-feira (14).
Acuado há dez dias
pelas revelações de gastos exorbitantes da sua gestão com viagens nacionais e
internacionais, Alex resolveu se manifestar sobre o caso. Reclamou de
injustiça, embargou a fala com choro e, sem desculpar-se, considerou a
possibilidade de erro. “Eu nĂŁo saio de casa, e nenhum de vocĂŞs, com a intenção
de errar. Mas a gente erra”.
Reside nas
entrelinhas do discurso do prefeito o fato polĂtico mais relevante do evento:
sua possĂvel desistĂŞncia de tentar a reeleição.
Em dado momento da
sua fala, após registrar a impossibilidade de reajuste no salário dos
servidores da Educação, Alex negou sua condição de candidato. “Eu
nĂŁo estou aqui pedindo votos a nenhum de vocĂŞs. Eu sou prefeito, nĂŁo sou
candidato. Nem partido eu tenho.” Na sequĂŞncia, Alex conjecturou sobre o final
do seu mandato. “Eu quero muito que quem me suceda faça muito mais do que eu”.
Depois
de passar os dois primeiros anos do seu governo patinando sem sair do lugar, o
prefeito de Alex começou o ano de 2019 se jogando
num verdadeiro “tudo ou nada”, na tentativa de viabilizar sua
reeleição.
Tomando por base a
repercussĂŁo que ainda segue nas redes sociais, com memes e xingamentos de toda
gradação de grosseria, desistir da reeleição é o que de mais sensato Alex pode
fazer.