Em Contagem, debate sobre o IPTU não é fiscal ou jurídico. É sobre traição




Nas primeiras horas da manhã da última terça-feira (22), uma enxurrada de mensagens — disparadas principalmente por integrantes da gestão do prefeito Alex de Freitas (sem partido) — varreu grupos e perfis do whatsapp, com a notícia de que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) teria entrado com uma ação contra os ex-prefeitos de Contagem, Marília Campos (PT), Carlin Moura (PCdoB) e Ademir Lucas (Solidariedade). Em 2017, notícia e ação parecida também ganhou as redes sociais. 

A mobilização de apoiadores e agentes do governo para a disseminação da notícia registra o interesse do atual prefeito sobre o conteúdo.

Os ex-prefeitos, na avaliação da promotora de Justiça do Patrimônio Público de Contagem, Michelle Silva Magalhães, teriam praticado “ato de improbidade administrativa ao não recolherem, em suas gestões, o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)”, registra a matéria. Por causa disso, Magalhães, que assina a ação, pede a restituição de R$ 1,1 bilhão.  

O quê quer o prefeito com a propagação da notícia? Atenuar o desgaste da volta da cobrança IPTU? Justificar eventual elevação do valor do imposto às vésperas do envio do boleto?  

Em Contagem, o debate sobre o IPTU não é de ordem fiscal, sobre quanto o município arrecada ou deixou de arrecadar; ou jurídica, se fere ou não a Lei de Responsabilidade Fiscal. É sobre estelionato eleitoral; é de legitimidade política, conferida pelo povo nas urnas.  

As eleições teriam sido o melhor momento para debater com o povo de Contagem a volta do IPTU. Afinal, política também é a arte do convencimento. Foi o que fez outro tucano, nas mesmas eleições de 2016.

João Dória (PSDB) elegeu-se prefeito da cidade de São Paulo anunciando um amplo pacote de privatizações e parcerias público privadas para o patrimônio público municipal. Naquela data, “privatização” era quase um palavrão. Dória não evitou o tema, convenceu o eleitorado e elegeu-se no primeiro turno.

Em Contagem, Alex já estava no segundo turno da eleições, num cenário em que quase nada lhe tiraria a vitória. Ainda assim, registrou em cartório, junto com seu vice, o compromisso pela manutenção da isenção do IPTU Residencial. Eleito, articulou com a Câmara Municipal a volta da cobrança do IPTU.

Foi do céu ao inferno em menos de 2 meses. De prefeito eleito com a maior votação histórica do município, tomou posse com rejeição gigantesca e piquetes de protesto.  

Politicamente, seu governo acabou aí.



Guilherme Jorgui


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